terça-feira, 9 de agosto de 2011

Maratona de castelos

Quinta-feira, dia 21/07, eu acordei, olhei pela janela e fiquei felicíssima. Depois de passar alguns dias sob o terrível e inclemente tempo de München (pior que a chuvinha o tempo todo é o vento!), amanheceu um dia lindo, sem nenhuma nuvem no céu, e eu decidi que era o dia perfeito para passar passeando pelos maravilhosos jardins do palácio Nymphenburg. Depois de um super café da manhã eu peguei o metrô até a estação mais próxima ao palácio. Mas o metrô não fica muito perto dali não, fica a uns 3-4 km do palácio. Não que eu tenha achado longe quando eu estava indo ao palácio, na verdade achei a ida uma gracinha, pois a região é muito bonita, com muitos parques e avenidas arborizadas. O verdadeiro problema foi na volta, depois de passar o dia inteiro caminhando (me perdi geral nos jardins do palácio) e, de novo, sem almoçar, que eu fiquei morrendo de inveja das pessoas com bicicleta ou carro.




O palácio de Nymphenburg é muito lindo, por fora. Eu não costumo gostar muito dos interiores destas casas reais, pois a decoração é sempre exagerada para o meu gosto. Eu fiz o tour por dentro e fui ouvindo sobre a história do local pelo audio-guia, mas tudo que eu consigo me lembrar é que o palácio foi construído por volta de 1664 para servir de residência de verão dos reis de Bayern e que lá dentro existe uma pintura da Königin Caroline e outra da Königin Therese. Ah, e tem uma sala que é a “sala das belezas”, pois possui diversos quadros em todas as paredes das jovens mais bonitas da corte da época. [A segunda foto é para mostrar uma parte do trabalho de restauração]





Além do palácio, o complexo “Nymphenburg” é formado por um imenso jardim e diversas outras construções, como a Magdalenkenklause. Ela foi construída entre 1725-1728, a mando do Kurfürst Max Emanuel e já foi feita para parecer uma ruína. Além disso, a casa possui uma capela que imita uma gruta.





Depois eu fui ao Pagodenburg (outra obra do tempo de Max Emanuel). Para os arquitetos de plantão: o nome não vem do termo arquitetônico pagode (Houaiss:templo ou monumento memorial da Índia e de outras regiões do Oriente, ger. em forma de torre, com diversos andares e telhados a cada andar terminados freq. em pontas recurvas para cima), mas possui este nome porque no teto das salas estão pintadas imagens do deus chinês “pagod”.






Depois do Pagodenburg eu fui à procura do Amalienburg. Não que eu não estivesse gostando de passear pela florestinha, mas eu sabia que para poder dar tempo de visitar a Alte Pinakothek eu precisava sair logo dali. Como eu não tinha um mapa e também não tinha um bússula (para saber para qual direção eu deveria seguir) eu posso dizer que eu demore bastante para encontrar o Amalienburg.




A casa foi construída a mando do Eleitor Karl Albrecht, entre 1734-1739, como uma pequena residência de verão e cabana de caça para a sua esposa Maria Amalia. O interior da casa foi decorado em estilo rococó (estilo que não tem nada a ver com a minha Maria Amalia).







Depois do Amalienburg eu ainda passei na Badenburg (casa de banhos). Infelizmente ela estava passando por restaurações, então as fotos de lá não ficaram tão boas (ou felizmente, porque não acho que ia caber mais no blog).



Eu não tinha idéia (com acento sim!) de que o complexo do palácio e jardins Nymphemburg fossem tão grandes, tanto que quando eu saí de lá (cheguei umas 11h e saí por volta das 16h) eu estava exausta e, apesar de ainda faltarem mais algumas horas para a Alte Pinakothek fechar, eu não aguentei ir (eu até aguentava ir de metrô, mas não ia aguentar a visita ao museu). Acabei encerrando o dia por ali e programei o meu despertador para tocas às 6h15 no dia seguinte. Eu tive que acordar tão cedo no dia seguinte, pois eu havia reservado o horário da visita no castelo de Neuschwanstein, e como tinha que retirar o ingresso com pelo menos 1h de antecedência da sua visita eu tinha que pegar o trem das 7h35. Acordei, tomei banho (tá, eu só acordei de verdade depois do banho) e tomei o café da manhã correndo para voltar para o quarto e escovar os dentes, e depois sair e pegar o metrô até a estação central de trens. Cheguei à estação às 7h32 e fui andando rapidamente até a plataforma que sairia o meu trem (e é óbvio que a plataforma ficava do outro lado da estação). Cheguei à plataforma certa às 7h34, vi o trem, puxei a maçaneta para abrir a porta e... Nada. A porta nem se mexeu. Por sorte tinha um maquinista perto de mim e ele me disse que aquele trem só saía com os três primeiros vagões. Então lá esta eu e mais alguns turistas correndo na chuva para chegar a tempo nos vagões (porque lógico que a parte coberta da plataforma estava com o trem que não ia sair). Felizmente conseguimos (acho que o maquinista deve ter nos visto chegando e deixou o trem sair 1 minuto atrasado).
Cheguei à Fussen e fui direto para a bilheteria para retirar o meu ingresso e quando eu vi o tamanho da fila eu congelei. A fila ziguezagueava dentro e continuava para fora da bilheteria. Mas graças à organização alemã, tinha uma porta à direta que dizia “ingressos reservados” então eu entrei, paguei e saí contente sem pegar nenhuma fila.



Infelizmente esta alegria não durou muito tempo quando eu cheguei ao castelo de Hohenschwangau e reparei que ainda faltava muito até a minha visita. Estava chovendo e eu não tinha muito o que fazer (tirei algumas fotos, mas também não dá para passar 49 minutos tirando fotos sem parar, só se tivesse alguma girafa por ali), então procurei um banco que estivesse seco, sentei com meu guarda-chuva aberto e peguei o meu livro de reserva (eu sempre levo um livro na bolsa para momentos de espera).



[Castelo de Hohenschwangau]



[Olhando do castelo para a cidade]



[À direita pode-se ver o castelo de Neuschwanstein ao fundo]



Este castelo e o Neuschwanstein são dois que também são bonitos por dentro, mas eu não podia tirar fotos dos cômodos. Tudo que a guia deixou foi tirar esta foto da janela do castelo vendo o Alpsee.



Quando eu saí do Hohenschwangau eu percebi que já estava ficando com fome. Não sei se era fome mesmo ou vontade de comer algo quente para esquentar (oh tempinho cruel), mas a questão é que quando acabou a minha visita do Hohenschwangau eu tinha 1h para a minha visita no castelo Neuschwanstein. E de acordo com o mapinha que eles entregam, demora 40 minutos para chegar ao Neuschwanstein a pé, e a cidade só tinha restaurantes chiques (nenhuma barraquinha com Wurst para eu comer rapidamente, pagar e sair). Então eu decidi que eu só ia almoçar depois da visita ao castelo.
Existem as opções de subir com o ônibus ou com carroça, mas eu não estava a fim de ficar parada congelando esperando um ônibus e os cavalos eram demais de fedidos, então eu decidi subir a pé. O caminho até o castelo é lindo. Você passa por esta floresta encantadora.



Chegando mais perto do topo da montanha eu encontrei este restaurante, eu olhei para o relógio para ver se tinha tempo de pedir um chocolate quente e percebi que eu subi em 25 minutos. Como eu tinha 35 minutos eu decidi que dava tempo de almoçar.



Eu sentei, pedi o menu, escolhi (tá, confesso de demorei uns 5 minutos para decidir) e pedi. Felizmente a minha comida não chegou muito tempo depois (eu não lembro mais o que era, acho que foi alguma sopinha de entrada e Wurst com salada de batata). Eu ia pedir a conta, mas a mesa ao meu lado pediu uma sobremesa tão linda e a garçonete falou tão bem do prato que eu acabei pedindo Palatschinken mit Vanilleeis und Erbeersauce (eu sei que eu pareço maluca, queria comer para esquentar e de sobremesa tomei sorvete).



Quando eu olho para o relógio e percebo que faltam 4 minutos para o horário da minha visita. Eu chamei a garçonete (que demorou 2 minutos, pois ela tinha sumido), peço a conta, pago e saio literalmente correndo. Subi o último trecho correndo e passando mal (dica: comer e correr em seguida não é uma boa idéia). Mas deu certo. Eu consegui chegar lá em cima em 2 minutos (e os alemães sabem que turistas atrasam, então depois que o seu horário é chamado, você ainda fica 5 minutos numa fila esperando os retardatários). Visitei o castelo e saí encantada com o Ludwig II (não sei porque, mas eu acho a loucura algo fascinante).



[Castelo Hohenschwangau visto do Neuschwanstein]



Depois da visita eu refiz o último trecho da subida com calma para poder tirar fotos. Em seguida eu fui até a ponte que dá a mais bela vista do castelo (e todos os turistas sabem disso, então você tem que ter paciência, porque a ponte está sempre lotada).



[A ponte vista do castelo]



Eu desci para voltar para a cidade e pegar o ônibus até a estação de trem. Cheguei lá em baixo 15h40, fui até o ponto de ônibus e encontrei uma fila gigantesca (desta vez não tive saída, tive que esperar na fila). Veio um ônibus, ele ficou lotado com pessoas e foi embora. Veio outro ônibus e quando eu estava na escada o motorista falou “não cabe mais”. Eu desci de novo, mas ele virou e falou “não, você pode ficar na escada”. Eu aceitei porque daquele ponto até a estação de trem demora por volta de 10 minutos, e o trem que eu queria pegar saía dali a 12 minutos (o próximo era só dali a 1h16). Não é que conseguimos pegar trânsito naquela cidadezinha, e chegamos à estação em 14 minutos. Mesmo assim eu decidi permanecer positiva e pensei “quem sabe o trem ainda está lá”, desci do ônibus e fui correndo para a plataforma 2 e... O trem estava lá me esperando. Entrei e o maquinista ainda esperou mais 5 minutos para sair. Eu sei que foi um dia tão cheio de emoções que eu voltei dormindo no trem.



Cheguei em München às 18h (foram quase 2 horas de trem porque eram trens lentos) e voltei para o hotel para arrumar as minhas coisas e seguir no dia seguinte para a grande Darmstadt.



Por favor, me perdoem eventuais erros de digitação ou de gramática, mas eu acordei às 5h25 da manhã para terminar este post e agora eu vou sair para a minha aula...
Tenham um bom dia e um maravilhoso final de semana.
Beijinhos

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Maratona de museus


Queridos seguidores, desde que eu voltei da Alemanha estou enrolando para continuar o blog (a culpa são as 3928 fotos que eu tirei) mas aqui está... Amanhã eu postarei terminando de contar sobre München e depois eu conto sobre Pri, Darmstadt e etc...

Na quarta-feira, dia 20/07, eu percebi como o tempo voa. Eu já estava no meu terceiro dia em München e ainda não tinha ido à nenhum dos museus que eu realmente queria ir, então eu decidi aproveitar o tempo feio (ninguém merece frio e chuva) e ir ao maior número de museus que eu conseguia. Esta foi a minha “maratona de museus”.



Comecei o dia indo ao Residenz Museum. Primeiramente eu fui ao Münchner Residenz (residência de Munique). Este museu fica em um antigo palácio dos reis da Baviera, da casa de Wittelsbach (1323-1918). A parte mais antiga do palácio é de 1385, mas ao longo de pouco mais de 5 séculos sofreu muitas ampliações e reformas, pois cada novo morador gostava de dar seu toque especial ao palácio. Com isso, o palácio possui uma arquitetura muito singular, pois mistura elementos dos movimentos renascimento, barroco, rococó e classicismo.
Foi um pouquinho difícil encontrar a entrada do museu, pois a fachada externa estava em reforma e não tinha indicações de onde era a entrada, e eu sabia que estava do lado certo, mas devo ter percorrido aquela rua umas 3 vezes antes de encontrar a entrada (antes que tirem sarro de mim, eu não era a única turista perdida por lá, acontece que este museu possui uma porta secreta que é a entrada). Eu comprei o ingresso “geralzão”, que dava direito a visitar o palácio com sua coleção de mobílias antigas, a câmera do tesouro e o teatro Cuvilliés.
Primeiro eu visitei o Schatzkammer (tesouro). Esta é uma parte muito interessante do museu com peças que vão do início da Idade Média até o Classicismo. Antes que os homens digam que é programa para mulherzinha ficar vendo jóias da antiga realeza, eu preciso avisar que lá não tem só jóias, coroas e camafeus. O Schatzkammer também possui uma vasta coleção de artigos religiosos, espadas cerimoniais, serviços de mesa e etc. Eu gostei muito desta parte do museu.







Depois eu fui visitar o palácio em si, com suas salas cheias de pinturas e suas mobílias. A sala mais curiosa do palácio era a sala de relíquias religiosas. Eles juntaram em uma sala todas as relíquias de santos que os nobres compravam (para quem não sabe, relíquias de santos = partes dos corpos). Para não me chamarem de mórbida não vou colocar nenhuma foto daquela sala aqui. Mas o museu é gigante. Eu li agora na internet que o museu ocupa 130 salas do palácio. No meu ritmo eu demorei 2h30 para ver o palácio e o tesouro (porque eu não peguei o áudio guia no palácio), mas se você for realizar a visita ouvindo tudo você é capaz de ficar lá o dia inteiro.



Saindo do palácio eu segui para o teatro Cuvilliés é a antiga casa de teatro da nobreza em München. Foi construído em 1751-1753 a mando de Maximiliam III Joseph, em estilo rococó. A peça mais famosa que teve sua estréia no teatro foi Idomeneo de Mozart, em 1781. Em 1818 foi inaugurado o teatro nacional de München e o teatro Cuvilliés passou a ser menos usado.




Num outro canto da Residência fica Staatliches Museum Ägyptischer Kunst (museu estadual de arte egípcia). É um museu muito bonitinho e o melhor de tudo, é pequeno. Tem no total 6 salas. Não que eu ache que museus egípcios tem que ser pequenos, eu gosto muito quando eles são grandes, mas depois do palácio com muitaaaas salas, eu já estava cansada e adorei o museu pequeno. Além de possuir estátuas bonitas (e outros objetos de arte egípcia), o museu possui também uma sala com objetos e propagandas do século 20 que possuem o Egito antigo como lema. Apesar de ser um museu pequeninino, eu fiquei lá pouco mais de 1h.





Saindo de lá eu peguei o metrô até o Staatliche Antikensammlung (Coleção estadual de antiguidades). É um museu de objetos greco-romanos. Eu fui, pois acho vasos gregos bonitos, mas acabei amando o museu. Eles separam os vasos por temas das pinturas. Tem uma seção das “mulheres fortes”, eram vasos com pinturas de mulheres verídicas ou mitológicas que eram independentes e lutavam pelo que acreditavam. Além desta seção tem partes de histórias mitológicas e de acontecimentos verídicos, como por exemplo, relatos de guerras que aconteceram.
Mas o mais bonito do museu está no subsolo, que é a coleção de jóias gregas e romanas. Nem é um museu muito grande (se comparado com a Residência), mas eu fiquei umas 2h lá lá, pois eu gostava de ler as histórias das seções (não tinha audio-guia neste museu).







Quando eu saí de lá já eram 17h30 (os museus fecham às 18h), mas eu decidi aproveitar que a Neue Pinakothek (Nova pinacoteca) fica aberta até às 20h todas as quartas (e que ela fica perto de onde eu estava).
Segui para a Neue Pinakothek, comprei o meu ingresso, guardei a minha bolsa no guarda-volume, comecei a visita (nem peguei o audio-guia) e terminei a visita 40 minutos depois. Eu já cheguei exausta ao museu (tanto fisicamente quanto mentalmente), meu cérebro simplesmente não conseguia mais processar informações. Então eu fui andando calmamente pela pinacoteca, vendo um monte de quadros alemães (a maioria feios) e finalmente eu achei a parte conhecida do museu (Van Gogh, Monet, Manet, Degas, Renoir e etc)...






Confesso que nem aproveitei direito a lojinha do museu de tão cansada que eu estava (e com fome! fiquei tão preocupada em visitar museus que eu esqueci de fazer uma parada para almoçar). Voltei para o hotel, tomei banho, jantei no restaurante do hotel, voltei para o meu quarto e desmaiei na cama...